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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Casinha Verde


Dedico este texto ao homem que meu coração escolheu. A você, Antônio, o meu grande amor.
Baseado em minha visita a um sítio em Passassunga, município de Guarabira/PB.

Casinha Verde

E chegando lá, uma casinha avistei. Uma casinha verde. Caiada de verde. Verde que o tempo desbotou. No meio de um verde que nem sempre esteve tão verde, pois se misturava, feito aquarela, com um marrom sem igual. Marrom de barro, de terra, de pedra, de seca... Tudo por conta do sol, que parece gostar tanto daquelas bandas, que lá por cima, não pára de arder! Arde no céu e nos rostos intensamente bronzeados e pregueados pelo passar dos anos. Tempo que passou, mas que também parece ter parado. Tudo parado no tempo... Assim como a casinha verde. Que jaz na terra onde muitas gerações plantaram, colheram, comeram, sorriram, dançaram e choraram ao som do doce pranto de um acordeom. Enquanto crianças pulavam nos rios, dando seus mergulhos e suas cambalhotas aéreas, imaginando que o mundo inteiro se resumia àquilo ali. Somente ali. Alheios a toda a amargura que vez ou outra batia às suas portas. Alheios a todo o resto do mundo... Mas apesar dos pesares, era um momento mágico e lúdico, misturado com as roupas e o sabão em pedra que aquelas mulheres guerreiras lavavam naquele rio ou, seja lá onde pudesse se encontrar um pouco de água. Mas como tudo passa, tudo passou. Embora ainda se aviste um ou outro menino no rio, ou se escute um doce choro de acordeom. E em meio a tanta coisa alegre e triste ao mesmo tempo, eu noto, mais uma vez, a casinha verde. Que parece vigiar todo aquele sítio. Como um soldado vigia seu quartel. O sol já se despedia do dia quando eu peguei na mão daquele que o meu coração escolheu, e foi aí que percebi seus olhos marejados... Tudo por causa daquelas lembranças. Tudo por causa de uma casinha. Uma casinha verde. Caiada de verde. Que entristeceu e ao mesmo tempo encantou o meu coração.
foto e arte por Gláucia Hamond Coutinho