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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Manto da Guerra

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O trabalho O Manto da Guerra de Gláucia Hamond Coutinho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.


Texto criado por mim para uma maravilhosa performance na Martins Penna, sob a orientação de Anselmo Vasconcellos. "Restaurante - mulheres das contas (contadoras de histórias"). Uma belíssima restauração com o público!

Aquele homem havia sido um caçador, um grande guerreiro! E estava pronto para ir à guerra. À sua mulher cabia a simples função de confeccionar seu manto de glória. Um manto protetor. Mas como a mulher detestava a guerra, tudo que ela havia costurado, amarrado, trançado e bordado durante o dia, ela desmanchava durante a noite. Assim, o manto nunca ficava pronto e seu marido nunca partia para a guerra. Cada dia ela dava uma desculpa. Um dia foi o gato que arrancou as penas do manto. Outro dia foi o vinho que derramou por cima da pele deixando-a manchada, e assim por diante... E nisso ela ia ganhando tempo... Mas tanto tempo se passou que o marido se aborreceu e resolveu partir mesmo sem seu manto! E assim ele foi! A mulher desesperou-se! Mas logo após aquela amarga partida, ela tomou conhecimento no vilarejo vizinho que a tal guerra já havia acabado há muito tempo! Pois muito tempo levou a enganar sobre o manto. Ao saber disso, tamanha era sua alegria, que não quis nem esperar pelo retorno de seu marido! Correu embriagada de felicidade para acalentar seu amado! Pegou um atalho pensando justamente em surpreendê-lo de frente. E com ela levou o manto, mesmo inacabado. Seu marido, ao vê-la de longe e sem saber do término da guerra, corre bravamente pensando marchar de encontro ao inimigo! Sedento de sangue! E pensava: “não é porque ele tem um manto que eu não posso derrotá-lo! Isso é pura superstição” E num ato de fúria, voa com sua espada para cima daquela figura, que parece ser seu oponente, e com um golpe certeiro e fatal arranca a vida daquele corpo! Mas o corpo era de sua mulher... Sua raiva foi mais rápida que sua visão. Pouco a pouco o manto vai tornando-se escarlate! Quando se dá conta da tragédia, cai de joelhos e entre lágrimas, implora aos deuses um castigo pesado para se penitenciar! Mas não há sinal algum de resposta... Apenas um súbito peso nos ombros. O enorme peso de um manto invisível de culpa...