quarta-feira, 22 de abril de 2015
O Anjo
O trabalho O Anjo de Gláucia Hamond Coutinho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
As vezes pequenos anjos descem à terra com alguma missão. Eles surgem, muitas vezes repentinamente, para nos proteger ou nos ensinar alguma coisa. E assim que esta missão é cumprida, eles precisam voltar. Anjos vêm à este plano disfarçados. Oras são animais dóceis, ora são humanos extremamente sensíveis. Muitas vezes excluídos ou não compreendidos, eles vêm simplesmente para doar. Doam amor, doam ensinamentos, doam generosidade e doam suas vidas. As vezes demoramos para entender seu jeito de ser e viver. Acho que esta dificuldade se deve ao fato de realmente serem diferentes. Claro! Eles têm asas! Embora nem todos nós consigamos enxergá-las. Mas, mais difícil ainda é tentar entender sua partida. Difícil aceitar a partida de uma criatura tão pura. Mas não podemos nos esquecer que anjos precisam voar. Enquanto disfarçados por aqui, com suas asas escondidas, tentamos achar ou nos enganar que eles são como nós! Mas não são! Eles são muito mais! Eles são anjos! E à partir do momento em que suas missões são cumpridas por aqui, suas asas já não são mais segredo algum. E é aí que elas suplicam para voar. Afinal, não deve ser nada fácil esconder um par de asas por tanto tempo assim. E nesses últimos dias, eu vi um lindo par de asas ruflar. E aquele anjo lindo voou.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
A Menina que Salvou o Rouxinol
O trabalho A Menina que Salvou o Rouxinol de Gláucia Hamond Coutinho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
A menina fez carinho nos seus gatos, brincou com eles e saiu rapidamente, com certa pressa, de sua casa. Saiu do elevador, e com passos largos já chegava à frente do parquinho quando algo te chamou a atenção. De uma moto estacionada, daquelas tipo Scooter, vinha um barulhinho diferente. A menina parou e percebeu que embaixo da moto, no local onde os pés ficam pousados, existe uma mola horizontal, coisa que ela nunca havia percebido antes. Mas seu coração disparou quando notou que entre as ranhuras das voltas da mola estava preso pelo dedinho, um passarinho, que se debatia, de cabeça para baixo! Preso pelo dedinho de uma de suas patinhas! Era um rouxinol! Mais do que depressa, largou tudo no chão, se abaixou para segurar o pobrezinho, que de tão nervoso fazia suas necessidades sem parar na mão da menina, que por sua vez, gritava por socorro! Ela berrava por ajuda, sem vergonha alguma de parecer ridícula! Berrava o nome do porteiro de seu prédio, alternando com pedidos de ajuda e socorro. Uma funcionária aparece e ela, aos berros e quase chorando, relata o acontecido de forma resumida e pede que alguém ajude a livrar o dedinho da patinha do rouxinol daquela mola. Provavelmente, ele deve ter pousado ali, e ao tentar levantar voo, seu dedinho deve ter escorregado para dentro da mola, o que o deixou preso e pendurado. Ela o segurava para que não sofresse tanto e não machucasse ainda mais sua patinha, mas as vezes o bichinho, na tentativa de voar, escapava de sua mão, mas ela o recolhia de volta para não sofrer ainda mais com a dor, que deveria ser enorme. E ao segurá-lo, notava o batimento frenético de seu coraçãozinho pequeno e amedrontado. Algumas pessoas chegaram perto e saíram rindo, de certo achando uma besteira e uma criancice tentar salvar um passarinho... Triste ver adultos que deixam morrer a criança de dentro deles... Mas as demais crianças que se encontravam no parquinho permaneciam ali do lado, torcendo pelo bichinho! Ah, o coração das crianças... Finalmente o porteiro chega! Várias tentativas com uma chave de fenda foram em vão! Mas com a ajuda de uma simples colher num movimento anti-horário, a ranhura da mola pôde ser forçada e o dedinho liberado. A menina, com suas mãos trêmulas de nervosismo, não conteve o passarinho por muito tempo. Mas foi tempo suficiente para notar que não havia sangue. Provavelmente pode ter causado algum dano, ou não, mas nada que comprometesse a vida daquele bichinho, que cabia na palma de sua mão. Ele voou, posou no chão, voltou a levantar voo e posou no muro do parquinho. Dali, foi para a grama. E a menina, ainda nervosa, pergunta às demais crianças se ele realmente tinha conseguido voar, pois ela, naquela tensão toda, o tinha perdido de vista. As crianças respondem com um "sim", um sinal positivo feito com as mãos e olhares de tranquilidade. O rouxinol estava salvo! A menina comenta com o porteiro que ainda estava tremendo. Recolhe seus pertences que estavam largados no chão. Sua bolsa, um saco de ração para gatos e a chave de seu carro... Era uma menina, sim! Uma menina de 45 anos. Por que quem tem um coração de criança, jamais deixa de ser uma. E aquela criança que vive ali dentro daquela mulher, ama os animais, sem vergonha alguma de parecer ridícula! E esse amor transbordava pelos seus olhos em forma de lágrimas.
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