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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Clown ou Palhaço?




"Maria Bonitinha" - Nordestina, retirante, humilde e, acima de tudo, discretíssima! rsss Personagem Clown, criada por mim para uma performance.
Ao longo de minha carreira como atriz, tive o prazer de participar de algumas montagens Clowns, onde aprendi coisas maravilhosas sobre este universo. Com esta experiência acabei criando vários personagens que uso em algumas performances que costumo apresentar sempre que tenho oportunidade.
Na foto acima, eu como "A Técnica", na montagem Clown "Os 3 Reis Gagos". Texto e direção de Cristiana Monteiro. Turnê pelos SESCs de Campos dos Goytacazes/RJ, Taubaté/SP, São Carlos/SP e São José dos Campos/SP. 2003 e 2004.

Não gosto de deixar minha língua em segundo plano, mas, como muita gente possa achar que o termo “palhaço” soe pejorativo e ofensivo, vou chamar de “clown” mesmo.
A palavra Clown, deriva de "clod", do inglês arcaico, que significa “rústico” e “do campo”.
Alguns dizem, a grosso modo, que o palhaço é considerado mais pastelão que o Clown. É aquele de circo, que faz graça de tudo, que veste roupas coloridas, engraçadas e fora de medidas. É aquele que conta piadas, é um trapalhão e brincalhão. Já o Clown seria uma versão com um humor mais sutil, com movimentos baseados na pantomima e mímica corporal e técnicas mais específicas em sua interpretação.
Charles Chaplin poderia ser considerado um Clown e “Os 3 Patetas”, Palhaços.
Na minha humilde opinião, considero os dois termos de igual importância e peso (Clown e/ou Palhaço), desde que o artista passe ao público alguma mensagem.
A simpatia, a doçura e a ingenuidade do Clown "Augusto" cativa o público.
Podemos citar 2 tipos de Clowns, ou palhaços, como preferir:
O Branco e o Augusto => Um típico exemplo de Clown Branco e Clown Augusto seria a dupla cômica “O Gordo e o Magro” (Stan Laurel e Oliver Hardy).
O Branco é o líder, aquele que sabe tudo, que comanda e dá as ordens. Ele é exigente e na maioria das vezes, ranzinza e sem paciência com seu parceiro. O Clown Branco é sério, na medida do possível, bravo, e com riqueza de figurino.
Já o Clown Augusto é o ingênuo, o tolo, o bobo, o atrapalhado. Ele é aquele que acata as ordens do Branco com medo de errar. E quando erra, o que ocorre com muita frequência, fica com medo de ser punido pelo seu chefe, o Clown Branco. O Augusto comete tantas burradas que chega a dar pena.
O público sempre acaba amando mais o Augusto, pela sua pureza e humildade. As pessoas acabam sentindo uma certa compaixão por ele, já que é um ignorante inocente, e sempre acaba apanhando do Clown Branco por conta de suas burrices. O Clown Augusto é praticamente uma criança em corpo de adulto, ou melhor, um adulto com alma de criança.
Podemos até traçar um paralelo entre "Clown Branco e Clown Augusto" com o "Pierrot e o Arlequim" originais da Commedia Dell´Arte. O Pierrot é o triste, com lágrima na face e roupas brancas. O Arlequim, com seus trajes coloridos com retalhos em forma de losango, é mais divertido, alegre e mais malandro. E junto com a Colombina formam um triângulo amoroso.
A origem do Clown também está intimamente ligada à origem do circo, quando Philip Astley, sub-oficial e exímio cavaleiro, começou a realizar shows unindo números equestres com acrobatas.
O nariz vermelho dos palhaços é a sua marca registrada, sua identidade. E tem muita a ver com o nariz do bêbado. Melhor dizendo, revela a sua embriagues. Ou seja, é uma tolice cômica, já que todo bêbado, por cambalear, enrolar a língua ao falar e ser desprovido de censura em seu discurso é, de certa forma, uma figura bem engraçada de se contemplar.
A maquiagem é parte fundamental da criação e composição do Clown. Pancakes coloridos dão toda graça a máscara que se formará e ajudará a compor a personagem. Assim como o nariz, a maquiagem também faz parte de sua personalidade. Cada palhaço tem sua maquiagem própria. Eu, particularmente, me sinto "protegida" com a máscara! Ela dá forças para fazer o que for preciso, já que um Clown é uma criatura que deve ser totalmente desprovida de pudores e sem medo de realizar as mais ousadas peripécias. Para o Palhaço, nada o impedirá de fazer algo. Ele não tem limites. E o mistério envolvido na "construção" de sua máscara o faz ficar mais forte e protegido. Ele está "desfigurado", ou melhor, impossível de ser reconhecido. Eu costumo dizer que a máscara pode ser o seu álibi! rsss
O Clown sempre faz as situações mais rotineiras se tornarem engraçadas e irreverentes. Ele faz graça de sua própria desgraça.
Outra coisa importante e fundamental é o trabalho de corpo. Dança, acrobacias, pantomimas e mímicas dão uma graça toda especial ao Palhaço. Quanto maior o trabalho de corpo do ator, melhor será o seu Clown.
E se, além disso tudo citado acima, o ator que desenvolve o trabalho de Clown acrescentar música e instrumentos musicais a sua performance, o pacote está fechado! Nota 10!
Bem, de qualquer maneira, sendo Clown ou Palhaço, o importante é cativar a platéia. E, mesmo com toda a caricatura e comédia envolvidas naquela “misancene” toda, o fundamental é passar alguma mensagem proveitosa para as pessoas. E se passada com alegria, melhor ainda!
Nota importante:
Lembrem-se sempre que este é uma trabalho artístico e complexo! As vezes um Clown pode levar meses ou até mesmo anos para "nascer"! A arte da palhaçaria não se resume apenas em vestir uma roupa engraçada e sair tropeçando e fazendo piadas. Isso seria uma banalização da mesma! E sem medo algum de parecer repetitiva, o Clown é, acima de tudo, um artista! E não um mero folião fantasiado num bloco de carnaval.

Laboratório de Palhaçaria na Martins Pena, sob orientação de Anselmo Vasconcellos. 2012.

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