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terça-feira, 27 de abril de 2010

A Criança Dentro de Mim




Você já observou uma criança brincando? Que delícia de visão! É uma "viagem"! Um total "descomprometimento" com o convencional ou com o que todos dizem ser o "certo", o "direito", o "real". E isso é fasciante! É nato. É único!
Quanto eu tinha uns 5 anos, aproximadamente, eu era assim. Exatamente como estou nessa foto. Cheia de alegria e esperança. E eu achava que nada de ruim poderia me acontecer... Melhor dizendo, eu não podia imaginar que coisas ruins podem realmente acontecer... Acho que eu nem fazia idéia do que era uma "coisa ruim". Talvez, a minha noção de "ruim" fosse a "bruxa malvada" da estorinha que minha mãe contava pra mim. Mas como era bom pensar e ter a doce ilusão de que o "ruim" só existia numa estorinha de "faz de conta"... Doce inocência...
Eu cresci, mudei. Muitas coisas aconteceram. Muito aprendi, muito vivi. Muitas pessoas conheci, outras, desejei não ter conhecido... Descobri que as "bruxas malvadas" estão muito mais presentes nas nossas vidas do que nos livrinhos que eu costumava ler... E o pior de tudo é que na vida real, elas nem sempre são feias ou carregam uma vassoura para revelar sua verdadeira identidade... É, não se fabricam mais "vassouras" como costumavam fabricar...
Muita coisa mudou. Muitos erros cometi, mas acertos também. E embora muitas vezes não pareça ou não transpareça, ainda tenho aquela criança dentro de mim. E eu posso apostar que o mesmo acontece com você!
Todo mundo tem uma criança dentro de si! E essa é a nossa verdadeira "essência".
Você pode crescer, engordar, ficar com a pele enrugada, com os cabelos brancos (ou mesmo sem eles) mas a criança que existe dentro de nós nunca muda. Mesmo que ela esteja bem lá dentro, no fundo, escondida, encolhida, assustada ou até mesmo reprimida. Jamais se esqueça disso! Não importa o quanto você mude, ela sempre será a mesma. Não importa o quanto os outros tentem te mudar, ela sempre estará intacta.
E eu, particularmente, me sinto por dentro, exatamente como estou nessa foto: cheia de vontade viver!
Então, deixe a criança que existe dentro de você viver! Ela não é a cópia de alguém. Ela é única. É apenas você. UNICAMENTE você. E isso ninguém pode ou consegue mudar. Tão pouco plagiar...
Quantas e quantas vezes tentaram silenciar a criança que existe dentro de mim. Acusações infundadas e críticas destrutivas. Quantas vezes alguém não tentou podar o que de mais bonito e intenso estava prestes a florescer dentro de mim! "Você vai sair assim?" ... "Ser atriz? Praquê?" ... "O que os outros vão pensar?!" ... "Eu não faria isso." ... " Você nunca vai conseguir!" ... Essa última então, bate lá dentro! Machucando covardemente a criança triste e desamparada que acaba por se formar dentro de nós... E eu tenho certeza absoluta de que não sou a única "privilegiada" a ter escutado todas essas "pérolas" acima mencionadas... Parece até que quem não sabe viver, quer mesmo é matar a criança que existe dentro dos outros. Quem não sabe viver é porque já matou a sua própria criança... Um verdadeiro suicídio da alma...
Mas não existe uma regra pré-estabelecida para o "viver". Só sei dizer que a melhor maneira de se viver é a de viver em harmonia com a sua criança interna. Brinque com a sua criança! Deixe-a à vontade! Livre e com autonomia.
Uma certa vez, com uns 25 anos, eu e uma amiga conversávamos num dos bancos do jardim frontal de nosso condomínio no Grajaú. Aí, percebemos algumas crianças brincando de "esconde-esconde". Eu e minha amiga nos olhamos e sorrimos de uma maneira meio "travessa". A gente ficou com vontade brincar também! E foi o que fizemos! Nos aproximamos das crianças e pedimos permissão para brincar com elas. Elas sorriram e pelos olhares, pareciam adorar que nós, supostas adultas, estivéssemos querendo compartilhar aquele momento mágico que os "grandes" costumam rotular de "coisas infantis". É claro que apesar de sermos ainda jovens, o fôlego já não era mais o mesmo... Os pés descalços já começavam a "reclamar" do chão cimentado e áspero. O barro do jardim nas nossas roupas já davam indícios de um mal estar, afinal, não seria fácil lavá-las sem deixar manchas... E o suor, que borrava o rímel nos olhos e melava os cabelos escovados já começava a incomodar. Acho que era a nossa "adulteza" (como um caipira poderia classificar) berrando contra a nossa criança. Ordenando obediência! Mas mesmo assim, com todos esses inconvenientes, foi maravilhoso brincar, se sujar e suar! A vontade da criança falou mais alto. Dane-se a roupa! Roupa a gente compra outra; mais cedo ou mais tarde vai ficar velha mesmo. E dane-se também o que poderiam pensar de nós naquele momento. Os olhares reprovadores estavam por perto. Assistindo e julgando. Mas também teve quem olhasse com um sorriso nos olhos. Acho que era a criança interna deles que sorria naquele momento... Doida para brincar também!
E essa foi uma das muitas provas que tive ao longo de minha vida de que a "nossa criança" está sempre ali. Presente a todo instante. Só esperando uma "mísera" fresta para emergir, vir à tona.
E se você conseguir "liberar" essa sua criança, nem mesmo uma "bruxa malvada" poderá te assustar ou te fazer algum mal. Pois toda criança sabe que "bruxas malvadas" só existem nos contos de fadas. E essa é a verdadeira força que só as crianças costumam ter: a força do pensamento. BASTA ACREDITAR!




sábado, 17 de abril de 2010

O Destemido Ladrilheiro de Santa Teresa



Sábado de Carnaval. 16 horas em ponto. Concentração do Bloco Carnavalesco "Heróis de Santa Teresa", em seu primeiro e estreante desfile, no Largo dos Guimarães, em Santa Teresa, claro! Movimentação folclórica ao longo das ladeiras (algumas ainda "paralelepipedadas") do bairro.
E Jorginho passava a cola no ultimo pedaço de azulejo que compunha sua indumentária carnavalesca. Apesar de um pouco grotesca, uma entidade pândega acabava de ser criada... Era o criador dando forma e viva a sua criatura!
O objetivo do bloco era reunir foliões devidamente trajados de heróis. Poderia ser um herói conhecido ou outro qualquer, fruto da pura imaginação pessoal de cada um.
E como Jorginho era duro pra valer; "pobre, pobre de marré deci", resolveu improvisar em seu figurino. Juntou todos os azulejos que encontrou em casa, já que seu pai tinha sido empregado num cemitério de azulejos, ali pertinho mesmo. Pegou "emprestado", com um primo, um capacete de pedreiro. Com a tampa de alumínio de um latão de lixo, deu-se a criação de um escudo. E com uma espada de plástico do He-Man, que ele havia encontrado na garagem de sua casa, estava pronta a fantasia! Todos os objetos foram devidamente revestidos com pedacinhos quebrados de azulejos. O capacete, por ter sido todo colado com pedaços dourados, ele o chamou de "O Elmo D´Ouro". O escudo improvisado, também todo revestido com pedaços de ladrilhos, foi denominado "O Escudo Sagrado", já que num dos pedaços de azulejo colados, no centro, para ser mais exata, poderia se ver parte de uma figura que se parecia com Jesus Cristo. E a espada, que tinha sido grosseiramente coberta por pedaços rosas (ele não tinha mais opção, seu estoque de azulejos estava se acabando), ele a nomeou de "A Espada Justiceira". E qual seria o problema de algumas peças cor-de-rosa na espada, não é verdade? Isso não comprometeria a masculinidade de ninguém! Até porque, a Justiça, além de cega, é uma mulher, oras bolas... Que criatura mais criativa, não?
Ele poderia ser pobre de grana, mas era rico de inteligência e puro de coração. Além de ser um moreno bem interessante, diga-se de passagem.
E Jorginho estava finalmente pronto pra cair na folia! Que figura! E, tenho que confessar, era uma das cenas mais hilariantes de se apreciar mesmo numa tarde tão colorida quanto aquela de carnaval! Ele se transformara praticamente num mosaico vivo! Um enorme e irreverente mosaico humano!
Mas, como Carnaval é tudo bagunça mesmo, deixa rolar. Essas foram suas palavras.
E lá se foi Jorginho, andando pelas ruas de Santa Teresa. Subindo e descendo ladeiras à procura de seus amigos. E, inevitavelmente, acabava ouvindo algumas piadinhas ao longo de seu percurso até o Largo dos Guimarães. "Fala, Ladrilhão!" ... "Veio fantasiado de banheiro, Jorginho?" ... Dentre muitas outras chacotas que no momento, por não saber a exata faixa etária de meus leitores, achei por bem não comentar...
Mas jorginho nem ligava. Ele queria mesmo era encher a cara de cerveja e ver se, de quebra, faturava alguma gatinha. Quem sabe uma "Mulher Maravilha", uma "Bat-Girl" ou qualquer outra vestindo saia, MAS, desde que fosse sem pelos nas pernas e sem gogó no pescoço... Por favor!
E ele finalmente se junta a seus colegas. Todos completamente bêbados! E olha que o bloco ainda estava na concentração! Cada um com sua fantasia de super-herói. Marcelo estava de Superman. Carlinhos usava uma máscara de Homem-Aranha. Denis, por ser loiro, estava de He-Man. E Jairzinho, que era forte como um touro, estava todo pintado, ou melhor, todo "borrado" de verde, fazendo uma terrível alusão ao Incrível Hulk.
Eis que o bloco começa a desfilar pelas ruas de Santa Teresa! Muito riso, muita gargalhada, muita alegria no ar! Marchinhas dos carnavais antigos eram os hits da bandinha que acompanhava o bloco. Eu poderia até improvisar uma marchinha para o momento: "Oh, quanto riso, oh, quanta alegria e lá vem o Jorginho no cordão"...
Muita bebida, muita diversão, muita música e muita mulher bonita! E Jorginho começa a se encantar por uma belíssima loira de olhos azuis. Era uma maravilhosa Mulher-Gato! Com um justíssimo macacão preto, todo em vinil! Nossa, não sei como ela estava suportanto tanto calor! Mas mulher é assim mesmo. Faz qualquer sacrifício pra ficar bonita!
E quando Jorginho se aproxima pra perguntar seu nome, ela foi logo se adiantando:
_ "Tá fantasiado de que, hein? Veio de obra de arte?"
_"Não". Respondeu ele. "Eu sou o Destemido Guerreiro de Santa Teresa", às suas ordens". E a moça se entregou às gargalhadas!!! E entre risadas, tentava concluir seu pensamento:
_" Você tá mais pra " O Destemido Ladrilheiro de Santa Teresa". Isso, sim!" E continuou com suas risadas ininterruptas. E ele respondeu:
_" Taí, não gostei muito, não. Mas bem que achei bonito de se ouvir." E abriu um sorrisão pra loirinha.
Mas Jorginho não era um cara de se esquentar com pouca coisa, não. Pra falar a verdade, aquelas risadas todas estavam até o deixando ainda mais interessado naquela galega.
E com todo desembaraço que um considerável alto índice de teor etílico causa na coragem de um sujeito, Jorginho, tasca-lhe um beijo cinematográfico. E ela, mais que depressa, se conserta dizendo:
_" Mas você nem sabe meu nome e eu nem sei o seu!".
E ele:
_"Jorginho. Seu escravo. Agora você, com toda essa exuberante beleza, só pode ser Afrodite, a Deusa do Amor, disfarçada de Mulher-Gato. E meu coração acaba de se acorrentar a essa Vênus de Botticelli a la Hollywood".
E ela, sorrindo, já completamente enfeitiçada por suas palavras, completa:
_"Eu me chamo Teresa!".
Teresa?! Que coincidência, não acham? Talvez fosse um presságio...
E Teresa dá continuidade a seu pensamento:
_"Então, e você, com um nome desses, e uma fantasia de Guerreiro, como você mesmo falou, poderia ser São Jorge, o Santo Guerreiro! Engraçado isso, né? São Jorge junto de Santa Teresa!"...
Iiiiihhhh, pintou um clima, perceberam?
Agora, "santo"!? O Jorginho?! Tá bom! Conta outra...
E lá se foram os dois pombinhos apaixonados, dançando, cantando e se beijando pelas ladeiras de Santa Teresa.
E olha que Jorginho foi o único entre seus amigos que "se deu bem" naquele carnaval!
Agora vamos ser sinceros! O cara poderia ser pobre, não entender nada de roupa de super-herói, mas cá pra nós, tinha uma lábia do caramba, não é verdade? E tanto é, que acabaram namorando, noivando e até se casaram, alguns carnavais depois.
Mas isso, minha gente, é uma outra estória...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Grande Mentiroso de Louisiana

Creative Commons License
O Grande Mentiroso de Louisiana by Gláucia Hamond Coutinho
is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.

Jurandir era seu nome – o que estranhamente não era do conhecimento geral das pessoas mais próximas. Pois todos o conheciam como Joe. De John. E ele se gabava disso! E como seus pais acabaram adotando esta alcunha como seu apelido, ninguém poderia contestar a sua veracidade.

Ele morava em Copacabana, no Rio de Janeiro. Onde, atualmente, vivia apenas nas férias, já que estava cursando faculdade numa cidadezinha do interior paulista.

O que todos sabiam, melhor dizendo, o que ele costumava contar a todos era que descendia de americanos e que acabou vindo morar no Brasil quando ainda era um bebê. Dizia ser de Louisiana. Mais precisamente de Nova Orleães. Ou melhor, "New Orleans in Louisiana". rsss O que fazia algum sentido, já que Joe gostava de Blues, era afrodescendente e falava um inglês perfeito, que segundo ele, era um "black-speaking" nativo! Vivia com uma gaita no bolso tocando canções ou simplesmente emitindo algumas notas apenas para deixar sua marca registrada de “rhythm and blues”, como ele mesmo costumava dizer.

Mas o que ele mais se gabava era de ser tataraneto de um pescador do rio Mississippi. Verdade ou não, ele sempre tinha estórias tão minuciosamente detalhadas para contar sobre qualquer assunto que era quase impossível não crê-las. E sobre a vida desse seu tataravô, ele até mencionou que este conheceu Mark Twain pessoalmente! Sim! O escritor americano de "As Aventuras de Huckleberry Finn" e "Tom Sawyer". E que inclusive foram amigos de pesca numa das muitas embarcações a vapor no Mississippi! Disse até que seu tataravô foi quem apelidou o tão conhecido escritor (Samuel Langhorne Clemens) de Mark Twain! Parece até estória de pescador, não é verdade?

Mas, Joe, ou melhor, Jurandir, tinha explicações para todas as estorinhas que costuma contar. E elas eram tão complexas, tão elaboradas, com tantos nomes, datas e locais, que era praticamente impossível contestá-las. E ele sempre tinha uma boa resposta na ponta da língua para quem se atrevesse a desmentir suas narrativas. Sendo assim, todos acabavam acreditando nele. Ou diziam que acreditavam por conta de uma total falta de argumentos.

Mas, Jurandir não fazia a mínima idéia de que suas mentiras estavam com seus dias contados...

Numa certa semana Santa, Jurandir e sua família receberiam em casa alguns parentes para o feriado. Fato que ele ainda não tinha conhecimento, pois estava na faculdade, onde residia, em São Carlos, São Paulo. Além dos parentes, sua mãe resolveu convidar alguns vizinhos. Ou seja, muitos ouvintes das estorinhas de Jurandir estariam prestes a conhecer os seus tão famigerados parentes "norte-americanos"...

Jurandir chegaria na hora do almoço da sexta-feira Santa. Teria ficado no Campus até a manhã daquele dia para concluir um trabalho em grupo.

Dia do almoço. Família reunida à mesa. Jurandir chega assobiando um “blues”. Que é subitamente interrompido, no meio de uma nota, por conta do espanto ao se deparar com toda aquela gente reunida no mesmo ambiente. Seus ouvintes de barzinhos e seus parentes... Seus VERDADEIROS parentes...

Eis que Juliano, seu vizinho, se levanta e começa a falar:

_”Que saudades de você, JU-RAN-DIR!” Adorei conhecer seus parentes aqui! TODOS naturais de MINAS GERAIS!!! Que coisa, hein? Que família maravilhosa você tem, amigo! Eu estava aqui contando pra eles o quanto você gosta deles! Que você não pára de contar estórias a respeito deles e de todos os seus antepassados! Não é verdade, JU-RAN-DIR?”. E o nosso amigo, continuava ali. Estático. Como uma estátua. Em silêncio. No mínimo esperando pela explosão de uma bomba atômica para dar fim àquela situação embaraçosa sem igual... Apenas uma calamidade como essas poderia mudar o rumo daquela situação desagradável... Pelo semblante de empolgação de Juliano, era notório que ele não tinha intenção alguma em cessar seu discurso. O que deixava Jurandir cada vez mais pálido e sem ação.

E o discurso do amigo continuava:

_”É, JU-RAN-DIR, que bom que está aqui conosco! Assim, você mesmo pode nos contemplar com suas estorinhas, digo, suas histórias. História com H, OK? Há, há, há, há, há, há, há...”

O constrangimento de Jurandir era tanto que ele começou a gaguejar, antes mesmo de pronunciar alguma palavra, na inútil tentativa de se defender.

Os parentes de Jurandir nem sacavam o que estava acontecendo. Para eles, Juliano apenas tinha bebido, um pouco além da conta, e estava muito feliz em rever o amigo.

Mas, como que por um milagre, Juliano pareceu dar uma trégua. Puxou uma cadeira para o amigo e o fez sentar-se próximo de si. E Jurandir, como que por medo, obedeceu sem pestanejar. Como um escravo obedeceria seu senhor... Obediência cega e amedrontada. E ao se acomodar junto à mesa, Juliano lhe segura pelo braço e sussurra em seu ouvido:

_”Tu és um baita de um mentiroso, hein, JOE?” E imediatamente se levanta e propõe um brinde!

_” Amigos aqui presentes. Vou quebrar todas as regras de uma confidência entre cavalheiros e contarei a vocês uma noticia pra lá de bombástica!”. Nesse momento Jurandir começou a rezar para que o mundo se abrisse debaixo de seus pés... E o amigo completou:

_”Nosso amigo aqui, o JU-RAN-DIR, queria segredo, mas eu vou contar mesmo assim! O JU-RAN-DIR... tan, tan, tan, tan... está escrevendo um livro! É! Isso mesmo! PASMEM! Um livro, meus amigos! E eu vou revelar para vocês, em primeira mão, o título dessa belíssima obra que o Brasil, e porque não dizer o mundo, conhecerá muito em breve! O meu grande amigo aqui, JU-RAN-DIR, vai nos contemplar com uma maravilhosa leitura de sua obra intitulada “O Grande Mentiroso de Louisiana”! Ladies and gentlemen: "The Great Liar from Louisiana”!!! Iiiiiiiiihhhuuuuuu! Uma salva de palmas pra ele, pessoal!"

Após tremenda ovação, Juliano senta-se, puxa Jurandir pelo braço e mais uma vez, sussurra em seu ouvido:

_”Chupa essa manga, meu véio! Há, há!”.

Vejam só em que esparrela nosso "Forrest Gump" brasileiro se meteu...

Bem, pra quem gostava tanto de contar mentiras, escrever um livro descrevendo todas elas não seria problema algum...

Por essas e outras que eu sempre digo: mentira tem perna curta...

Mais vale uma verdade sem graça do que uma mentira absolutamente magnífica! Será mesmo? Bem, a não ser que seja por uma boa causa... Aí, nesse caso, se a mentira for muito bem contada, até seu próprio autor acaba por acreditá-la... rsss

Máquina do Tempo

Meus caros leitores, o texto abaixo, foi criado por mim a fim de me ser útil num teste de elenco para um curta-metragem universitário. Os atores deveriam comparecer ao teste com um texto comovente, devidamente decorrado. E assim, escrevi este aqui, fruto de minha inspiração. E apesar de ter me emocionado verdadeiramente, a ponto de chorar espontaneamente, sem forçar nenhum barra, não passei no teste... Se eu tivesse uma máquina do tempo, eu bem que voltaria naquele dia e não sairia de casa... rsss Assim, não perderia meu tão precioso tempo em vão. Mas, pelo menos, valeu pela criação do texto que vocês estão lendo aqui no meu Blog! Pra alguma coisa ele há de servir! rsss Beijos!


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Máquina do Tempo by Gláucia Hamond Coutinho is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 3.0 Brasil License.


Algumas pessoas só sonham com coisas muito difíceis de acontecer, não é verdade? E eu, me encaixo perfeitamente neste grupo. Quer ver só um exemplo?

Eu, às vezes, me pego sonhando com uma máquina do tempo... É! Isso mesmo! Uma máquina do tempo! Mas não é uma máquina do tempo qualquer, dessas que a gente vê nos filmes de ficção, não. É uma máquina que transporta não só o corpo, mas que te dá a opção de transportar APENAS a sua essência, ou seja, a sua alma! A sua experiência de vida! Meu Deus do Céu! Já pensou nisso? Não seria sensacional voltar no tempo, entrar no seu corpo do passado, mas com toda sua “essência” do futuro?

Ah! Daria até pra consertar alguns errinhos, já que você estaria com toda uma bagagem que adquiriu ao longo de todos esses seus anos de vida!

Você poderia até... dar um mega fora naquele garotinho chato da escola, mas que você teve medo de abrir a boca. Lembra?! Dizer pr’aquele patrão, do seu primeiro emprego (aquele que não era remunerado), que você não precisa de esmolas, e ele que vá procurar outro palhaço para alegrar o circo dele! Ah! Seria fantástico, não acha?

Mas, o mais brilhante de tudo seria poder voltar no tempo e dizer coisas, que depois de adulto, infelizmente, a gente tem medo, receio ou até vergonha de falar. Coisas bonitas mas que, com o passar da idade, a gente perde a coragem de dizer. E isso tudo ficaria ainda mais incrível se a gente pudesse voltar no tempo, entrar no nosso corpinho pequeno e frágil de criança, mas com toda a nossa vivência e experiência do futuro. E, num daqueles dias bem tranquilos da nossa infância, fazer o que sempre deveria ser feito com muita assiduidade: correr para os braços dos nossos pais, enchê-los de beijos, abraçar bem forte o pescoço deles e dizer, olho no olho, sem nenhum pudor, como só as criancinhas sabem dizer:

“Mamãe, papai, como eu amo vocês!!!”

Quanta saudade...

Com uma máquina do tempo dessas, quem mais sentiria a dor que uma culpa faz ao coração, hein?

É verdade... Só mesmo assim para se dar fim a esta estranha e indecifrável palavra chamada "saudade"...

E eu volto a repetir:

Quanta saudade...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Apocalipse - Segundo Gláucia Hamond


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O Apocalipse - Segundo Gláucia Hamond by Gláucia Hamond Coutinho
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Com tantas tragédias acontecendo, catástrofes naturais que não dão trégua e a humanidade que continua caminhando para o abismo da crueldade, só me restou ler a Bíblia e tentar entender o tal Apocalipse. E com um lápis e papel a mão, eu tento fazer alguma contabilidade para ver se matematicamente minhas probabilidades estão mais para comprar uma longboard para aguardar a Grande Onda, um jatinho pra caso de rolar um terremoto, ou se subo uma colina e espero que a Nave venha me resgatar ou me abduzir para eu poder viver num planeta mais seguro... O Pequeno Príncipe que tá de boa! E baseado nisso tudo, o ET de Varginha tá é marcando touca por essas bandas! E que touca, hein? Bem grande pra caber o cabeção e as anteninhas...

Mas, segundo a Bíblia, o Juízo Final acontecerá e nós seremos julgados por nossas "obras"... Ai, meu Deus do Céu! Será que ainda dá tempo pra passar no Vestibular de Engenharia? Iiiiiiihhhh! Sérgio Naya tá lascado! Vai arder nas profundezas do inferno! Mas cada cabeça, uma sentença... De repente, pra garantir, me inscrevo num cursinho profissionalizante de pedreiro...

E eu tenho feito um esforço danado pra me lembrar do meu passado e refletir se tenho alguma divida com os Céus. Perco horas dos meus dias pensando nesse assunto. Já até comentei isso com minha analista! Às vezes acho que não cometi pecado algum e que até estou com crédito lá com o Velhinho. Mas tem dias que eu acordo e me sinto culpada até pelo mosquito da Dengue que eu havia matado outrora... Tenho até pesadelos com ele! Eu, deitada no sofá, vendo TV, e um mosquitão gigante invadindo meu ap, tirando o controle remoto de minhas mãos, me olhando nos olhos, e dizendo: “Eu sei o que você fez no verão passado...” Graças a Deus foi apenas um pesadelo... Mas, por via das dúvidas, estou usando repelente a doidado! Matar mosquitos, nunca mais! E quando eu paro com meu carro no sinal e vejo aqueles vendedores ambulantes com aquelas raquetes que dão choque nos pobres dos mosquitos, eu fico com uma vontade enorme de berrar: “Cuidado! O fim dos tempos está próximo! O mundo vai acabar e o dia do julgamento será inexorável!”. Mas, é claro que é apenas algo que passa pela minha cabeça... Eu não teria a coragem de gritar tamanho devaneio... Nesse caso, é melhor mesmo fazer como Pôncio Pilatos, e lavar as mãos... Mas tem que lavar rápido, viu! Senão a água do mundo se acaba... Melhor dizendo, água doce e potável descendo ralo abaixo! Pois na verdade, o mundo pode virar um enorme e hollywoodiano Water World! Mas sem Kevin Kostner algum pra servir de colírio pros nossos olhos... E por falar em filme, se eu me basear em toda produção cinematográfica para tentar me informar ou me posicionar em relação ao fim do mundo, eu to mais ferrada que lombo de gado em fazenda mineira! Ou nos resta ainda 2 anos, porque “2012” tá pertinho, ou ficaremos mudos e dominados por símios num futuro não tão distante assim. E, mais uma vez, sem Charlton Heston ou Mark Wahlberg pra alegrar a mulherada. E ainda nessa onda de filmes, me lembrei de Apocalypse Now, com Marlon Brando. Mas nesse filme, meus amigos, o cara tava tão gordo que foi filmado na sombra, em primeiro plano, com algumas folhas de árvore encobrindo o rosto redondo... Definitivamente, no Fim dos Tempos, ele não seria uma opção de colírio algum. Até porque, coitado, já está no andar de cima, junto ao nosso grande Ben-Hur, e ao lado do Criador!

E por falar nisso, eu que achava o Profeta Gentileza um doido! Tinha até medo dele quando meu ônibus parava nos pontos da pista central da Avenida Presidente Vargas! Doidos éramos nós, que não conseguíamos enxergar meio palmo além de nossas fuças! A humanidade tá míope! Míope de conhecimento, míope de informação, míope de generosidade e míope de humanidade mesmo... Nesse último caso, não só míope ou cega, mas também surda, muda e cadeirante...

E já que é melhor ficar calado do que abrir a boca pra falar alguma besteira, a humanidade se cala e acha que já faz muito, ou melhor, faz a sua parte, ao se comparar com a gaivota, que leva uma gota d´ água no bico para tentar apagar o incêndio na floresta. Mas não somos gaivotas! Até porque, na hora do “pega pra capar”, nem gota d´ água levamos no bico, não é verdade? O que as pessoas "levam no bico" são os trouxas! É cada um por si e Deus por todos! E Deus tá cheio de trabalho, sem tempo pra Coffee Break muito menos pra jogar conversa fora... Já se foi o tempo dos 3 Mosqueteiros e Dartagnan, onde o lema era: "Um por todos e todos por um!". É por isso que eu amo cinema! É tudo tão maravilhoso, perfeito e comovente... E ainda dizem que a vida imita a arte... Antes fosse!

E apesar de uma andorinha não fazer um verão, eu deixo aqui meu relato. Quem sabe, num futuro não tão distante assim, alguém leia o que escrevi e tenha algum registro do que um dia nosso planeta foi. De repente, até lá já inventaram uma cápsula do tempo virtual para armazenar informações postadas na Internet...

Minha gente, se o fim do mundo realmente acontecer, com ondas devastadoras e tudo, eu peço para ser congelada junto a Walt Disney (esses foram os boatos que ouvi durante décadas, OK?). Especulações à parte, pelo menos, ao acordar, terei uma companhia engraçada e inteligente por perto. Apenas me restaria o trabalho de narrar tudo que rolou durante esses anos todos em que ele esteve hibernando. Só não poderei contar o que se passou antes de eu nascer. Pois nasci em 1969 e ele morreu em 1966. E eu até já me imagino narrando tudo isso em inglês. Eu diria: "Walter, my fellow, I have no idea about those 3 years" ("Waltinho, não faço a mínima sobre aqueles 3 anos"). E se ele me perguntasse o que realmente permaneceu o mesmo desde sua morte, eu saberia a frase exata para ser dita em qualquer idioma! Eu o encararia com um "olhar 43" e diria: "BOND. JAMES BOND." ... Ai, quanta viagem! Melhor mesmo seria conhecer Noé e garantir meu lugar na Arca...

Mas, voltando um pouco ao assunto em questão, eu fico cada dia mais intrigada com os ditos populares. Porque, cá pra nós, se "Deus é brasileiro", está explicado tudo isso que anda acontecendo de ruim! Na certa, Ele deve estar tomando um cafezinho, fumando um cigarrinho ou batendo um papinho em pleno horário de expediente, não é verdade? E se "A Fé remove montanhas", tem beatos demais por essas bandas do Hemisfério Sul... Porque o que tem de montanhas desmoronando por aqui!!! Tá demais! E levando isso tudo em consideração, os ecologistas não devem estar aprovando nada, nada, esse onda de crença religiosa. É melhor ser mesmo ateu e não ser responsável pela "remoção de montanhas" com tamanha fé... Daqui a pouco, os partidários do GREENPEACE estarão perseguindo religiosos e não mais caçadores de baleias... Vai entender... Só pode ser o Fim dos Tempos MESMO!

E com toda essa necessidade de se preservar os recursos naturais, eu assino embaixo das letras do Chico. Porque, mais cedo ou mais tarde, “pode ser a gota d´ água.” ...

E o último a sair que apague a luz (pra não gastar mais energia e economizar o pouco que ainda resta)... É melhor prevenir, do que remediar. Quem avisa, amigo é...

E lembrem-se, isso é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, fatos ou datas, será mera coincidência. Ou seja, não venham me processar ou me responsabilizar pelo Apocalipse, OK? Vão reclamar com o Bispo! Se ele ainda estiver por aqui para contar história...